AH, SE DILMA SOUBESSE! - Ademir Alves de Melo


AH, SE DILMA SOUBESSE!
Ademir Alves de Melo
Há quase quatro séculos, nasceu em Salvador da Bahia o poeta Gregório de Matos, vulgo Boca do Inferno, por seu estilo irônico, de mordacidade corrosiva. É considerado o mais importante poeta satírico da literatura portuguesa. Ele escreveu um celebrado poema que, na primeira estrofe, assim se expressa:
O todo sem a parte não é todo,
A parte sem o todo não é parte,
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga, que é parte, sendo todo.
Este poema é dialética pura em versos, pois traduz o princípio filosófico de que é necessário considerar o todo na sua íntegra complexidade, na relativa independência dos aspectos, elementos e partes de que consta, pois estes últimos podem ter peculiaridades concretas não coincidentes de maneira direta com o todo. Portanto, é falso reduzir o todo à parte, já que isso pode conduzir à perda da compreensão do todo como determinação qualitativa subordinada a leis específicas.
Diferente é o entendimento dos inconformados da UFPB, na sua angústia solitária da vontade, ao insistirem em apresentar uma parte incidental de um problema como expressão de uma totalidade imaginária, que apenas existe nos seus tormentos transbordantes do tempo. A propósito de tempo, o livro Eclesiastes do Antigo Testamento bíblico ensina que tudo tem o seu tempo determinado e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de chorar e tempo de rir; tempo de abraçar e tempo de afastar-se; tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz.
A comunidade acadêmica, a Justiça Federal, as entidades representativas da sociedade paraibana e a voz da Razão já proclamaram aos quatro cantos que o tempo para eles já acabou. Só eles ainda não se deram conta deste fato. Bem ou mal, cumpriram com a sua missão.  Como disse Baltasar Gracián, “Deixe aquele que não possui o poder da paciência se aposentar, apesar de que mesmo assim ele terá que aguentar a si próprio." Pois que deixe o trono e se aposente.
Há duas semanas, encaminharam ao Ministro da Educação a lista tríplice com os candidatos mais votados, para a nomeação presidencial de Margareth Diniz e Eduardo Rabenhorst nos cargos de reitora e vice-reitor da UFPB. Mas, eis que de repente, inesperadamente, retomam a matéria intempestiva de invalidade do certame democrático que escolheu os novos dirigentes da instituição - que não são os seus - com uma insistência insana a revelar imaturidade de discernimento, após sucessivas derrotas acumuladas em juízo. Sequer prezam pelo decoro intelectual ao se prestarem a esse papel renitente de crianças mimadas. No dia 3 do corrente, pediram ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região a suspensão dos efeitos de antecipação da tutela conferida à reitora eleita. No dia seguinte, ainda estafados da viagem matinal carregada de expectativas alimentadas em devaneios, receberam a notícia de que o presidente daquele egrégio tribunal prolatara sentença, onde, conclusivamente, remata que não divisa hipótese justificadora da contracautela, pelo que indeferiu a postulação.
Mas, mas não se resignam, pois o que interessa, na verdade, é seguir tumultuando o processo para impedir a nomeação dos candidatos eleitos. Não por outra razão o candidato aliado do grupo, que ficou em quarto lugar, com pouco mais de 4% dos votos sufragados, entrou com recurso de procedimento ordinário no Superior Tribunal de Justiça, transtornado porque também quer figurar na lista tríplice de quatro! Haja lógica na cabeça de um educador... que p
retende ser reitor! É aí que “seu” Bira dá um pinote e exclama com seu vozeirão de barítono desengonçado: mas, menino! Era só o que tava faltando!
Como sugere presciente a indômita jornalista Messina Palmeira, sempre atenta ao desenrolar dos acontecimentos: Ah, se Dilma soubesse!

0 comentários:

Messina Palmeira

©2011 Messina Palmeira - assessoria jornalística | Web Designer by Danniel Sousa