Nenhum governo combateu a corrupção com tanto rigor como na
gestão do presidente Lula e, mais ainda, com Dilma Rousseff. É que a corrupção
é um mal histórico, arraigado nas entranhas do sistema e difícil de ser debelado,
se a sociedade não estiver organizada e participando dos processos de decisão
nas mudanças, como se vem tentando, sem o recurso clássico da ruptura da ordem
sistêmica.
A ninguém escapa a ideia de que o julgamento do chamado
mensalão transformou-se num espetáculo montado e explorado pelo PIG – Partido da
Direita Golpista. As elites dominantes jamais se conformaram com a presença de
um operário no comando do Planalto, e, agora, com uma mulher rebelde que recorreu
às armas, quando todas as portas se fecharam para a democracia, por um golpe militar
tramado por elas em conluio com forças externas neocoloniais.
Esses arreganhos sediciosas renitentes da direita ao abrigo
da Ação Penal 470, com sentenças condenatórias anunciadas por antecipação e sem
elementos de prova consistentes a alimentar o rebuliço em voga, tem como
objetivo desgastar a credibilidade do governo e minar as suas bases.
Por isso, o governo deve estar atento a todas as denúncias de
irregularidades em órgãos públicos federais, sobretudo quando os acusados calam
ou fingem que fazem alguma coisa para se defender das acusações.
Um notável indício de fundamento em denúncias propaladas é a
blindagem que os gestores sob mira se revestem, fazendo de tudo para não “largar
o osso”, como o fez o prefeito de Ramilândia, no Oeste do Paraná. Ele não
aceitou a ordem judicial que o obrigava a passar o cargo para o vice e, após
receber o documento, se trancou no próprio gabinete afirmando que não
abandonaria o posto. Ou, ainda, no caso das estrepolias do reitor do Instituto
Federal do Pará, desbaratada por uma ação conjunta da Controladoria Geral da
União, PF e MPF, que resultou, há pouco, na prisão do magnífico acusado de
liderar fraudes e desvios de recursos públicos no órgão que atingem mais de R$
5,4 milhões.
"Os fatos demonstram, de maneira inequívoca, a
existência de verdadeira organização criminosa voltada essencialmente para a
prática de crimes de peculato, consistentes no desvio e na apropriação de
recursos públicos da instituição de ensino", diz a denúncia do MPF,
assinada por dois procuradores.
Eles afirmam que o reitor era quem "liderava o bando,
distribuía tarefas, fixava os valores que seriam desviados e dividia o produto
dos crimes entre seus comparsas". O esquema funcionava de tal maneira
vinculado ao reitor que ele chegou a aprovar pagamentos, a título de bolsa, a
pessoas que não possuíam qualquer vínculo nem realizaram atividade alguma no
IFPA.
O Ministério da Educação criou uma comissão de Processo
Administrativo Disciplinar (PAD) que resultou no pedido de afastamento
preventivo de 13 servidores do IFPA, entre eles, o reitor e seu substituto.
Casos como esses mostram que o governo Dilma, para continuar legitimado
e se fortalecendo junto à sociedade, para avançar nas conquistas que o país
reclama, deve ater-se rigorosamente às regras do jogo democrático, da ordem
jurídica instituída, não dando margem ao arbítrio e a novos escândalos na área
federal. Deve cortar pela raiz jogadas de aloprados, engenhadas por interesses miúdos.
Por seu turno, a sociedade deve estar vigilante para garantir
o respeito à vontade das maiorias e reagir, altivamente e com os meios
disponíveis, ante qualquer ameaça de lesão ou ameaça ao direito, como disposto
no artigo 5º da Constituição Federal.
Fonte: http://hipocrisiaacademica.blogspot.com.br
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