ESTRIPULIAS À PARTE

ESTRIPULIAS À PARTE
Ademir Alves de Melo*


“De súbito, sem que nada anunciasse,
Tal como as bolhas de sabão ao rebentarem.”

A certa altura do mandato, a administração da UFPB reconhece que deve explicações à comunidade universitária e tenta “correr atrás do prejuízo”: obras ansiadas pela comunidade acadêmica, paralisadas há muito tempo, tomam um ritmo frenético de construção, e solução de problemas que se arrastam em desgastes compõem a receita básica do gestor em débito.
À oposição compete taxar as iniciativas de extemporâneas e avaliar que tudo vem tarde demais para modificar a tendência do eleitor que não mais aceita a continuidade do grupo dominante no poder.
É isto o que está acontecendo em nossa Universidade. De João Pessoa a Mamanguape/Rio Tinto, passando por Areia e Bananeiras, esse é o jogo. Quem quer manter o mando de um grupo assentado há dezesseis anos, põe-se a mostrar serviço e tenta agradar. Nas prefeituras municipais interioranas não é diferente.
Por acaso, alguém duvida de que o reitor assumiu de vez o comando da campanha de sua preposta, postando-se diuturnamente ao telefone contatando coordenadores de cursos, chefes de departamentos e lideranças acadêmicas para que entrem no Bloco do Ocaso? E o que faz a Comissão de Ética? Por que não se convoca o Ministério Público Federal para dar um basta a este descalabro no topo de uma instituição pública onde, na expressão de Frei Betto, coabita a diversidade de saberes e simboliza a sinergia que deveria existir entre os diversos campos multiculturais?
Perguntemos aos que conduzem a bandeira do continuísmo por que não EXIGEM do reitor que convoque a Polícia Federal e o Ministério Público Federal para apurar responsabilidades nas gravíssimas denúncias reiteradas vezes feitas pela revista Politika, de circulação nacional, sobre supostas irregularidades, mal uso de recursos e outras diatribes que maculam a imagem da instituição e dos que a fazem? Tomar esta decisão é uma iniciativa irrecusável. Caso comprovado o crime de injúria (como o desejo), que levem os responsáveis às barras dos tribunais. Caso contrário, se configuraria um silêncio aquiescente diante dos dardos venenosos lançados pela imprensa, impunemente.
Um dia, nas minhas andanças curiosas, passei a vista sobre um texto onde o analista dizia que, ao final dos mandatos eletivos, começam as “estripulias”. Obras, programas e projetos são lançados aos quatro ventos, tendo em vista que os políticos de plantão já estão pensando na eleição seguinte. Daí é aquela correria para poder ter o que falar durante a fase eleitoral.
O que faz diferença é que a Universidade Federal da Paraíba não é uma prefeitura municipal interiorana, onde as “estripulias” são toleradas, e parece inexpugnável, como uma rocha granítica, à resistência à ruptura de certos arcaísmos.
Assim como está não pode continuar. Mudar é preciso.

* Professor doutor do Departamento de Direito Privado do CCJ/UFPB.

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Messina Palmeira

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