Busto do prático que salvou Recife de tragédia será reinaugurado neta sexta (29)

 O busto do prático da barra Nelcy da Silva Campos, que rebocou um navio petroleiro em chamas, evitando uma explosão gigantesca, vai voltar ao Porto do Recife nesta sexta-feira (29). O busto, que havia sido retirado do local por causa das obras de modernização do porto, foi produzido em 2003, como parte de uma homenagem a Nelcy Campos feita pelo 3º Distrito Naval da Marinha, em uma cerimônia alusiva ao Dia Mundial do Marítimo. A escultura, do artista Demétrio Albuquerque, tem 80 centímetros, pesa quase 25 quilos e foi esculpida em resina e pó de mármore. A homenagem do pratico da barra Nelcy Campos, no Terminal Marítimo de Passageiros do Porto Recife, deve contar com a presença de autoridades do Governo do Estado, da Prefeitura do Recife e da Marinha do Brasil, entre outros poderes. 

Há 30 anos, no dia 12 de maio de 1985, Nelcy da Silva Campos rebocou para longe da costa um navio petroleiro que, depois um grave incêndio, ameaçava explodir mais de 150 mil metros cúbicos de produtos inflamáveis, armazenados no Parque de Tancagem do Brum.  A situação de risco começou por volta da 1h30 da madrugada de um domingo, quando um dos três tanques do navio explodiu, deixando a embarcação em chamas. Atracado no Porto do Recife, o petroleiro carregava 1.500 toneladas de gás butano, conhecido como gás de cozinha.

O pior é que o incêndio e as explosões em série poderiam atingir o Parque de Tancagem do Brum, que estava a 500 metros do petroleiro e armazenava mais de cento e cinqüenta mil metros cúbicos de produtos inflamáveis. De acordo com os técnicos, uma explosão no local destruiria tudo num raio de cinco quilômetros, atingindo os bairros de Santo Antônio, Recife Antigo, Boa Vista, Brasília Teimosa e Pina.

Todo o efetivo do Corpo de Bombeiros do Recife foi mobilizado para combater o incêndio, mas os homens não conseguiram debelar as chamas, que chegavam a 20 metros de altura. A situação era tão grave que o então governador de Pernambuco, Roberto Magalhães, foi acordado às presas e teve que deixar o Palácio do Campo das Princesas, onde morava, localizado no Bairro da Boa Vista. "Foi Nelcy Campos quem se dispôs a levar o navio em chamas para o alto mar, livrando o Recife de uma tragédia. Com essa atitude corajosa, Nelcy Campos se tornou um homem credor da admiração do povo pernambucano pelo seu gesto heroico. Eu, inclusive, o agraciei com uma medalha pelo reconhecimento do feito", lembra o ex-governador.
Foi nessa situação que o prático da barra Nelcy da Silva Campos, então com 54 anos, foi chamado às pressas em sua casa pelas autoridades responsáveis pela Capitania dos Portos. Ele chegou ao porto por volta das duas horas da manhã e, com a ajuda de alguns auxiliares, começou um perigoso trabalho. Distribuindo as ordens, chegou a serrar dois dos nove cabos do navio petroleiro, que estava ancorado no Armazém A-1.

Um desses cabos, que foi amarrado a outro de 200 metros, serviu para prender o petroleiro no reboque Saveiro. Para que a saída do Jatobá fosse possível também foi preciso movimentar os navios que estavam na frente e atrás dele. Só depois desse difícil trabalho, a embarcação em chamas pode ser rebocada para alto mar, onde não representava mais perigo para os recifenses. O petroleiro foi deixado à deriva a aproximadamente cinco quilômetros da costa.

Ao voltar ao porto, já na manhã da segunda-feira, dia 13 de maio, Nelcy Campos foi recepcionado pelo governador Roberto Magalhães, pelos amigos e pela família, que esperava ansiosa. Ao chegar, ele declarou: "Nunca me vi em situação tão difícil e perigosa, mas pensei logo na população. Mesmo sabendo que poderia morrer, parti para a operação".

Para o filho do prático que virou herói, Nelcy Campos Filho, a iniciativa do Poder Público em homenagear Nelcy Campos é uma atitude importante para a nova geração, que não conhece o ato heroico do prático da barra. "A Marinha do Brasil e o Governo do Estado dão exemplo de patriotismo, que enaltece nosso espírito de povo guerreiro", acrescenta Nelcy Filho.

Nelcy da Silva Campos nasceu no Recife no dia 21 de janeiro de 1931. Trabalhou durante 25 anos como prático, ofício que aprendeu com o pai. Morreu no dia 27 de setembro de 1990, de causas naturais.
Fonte: Pedro Romero

Comunicação Integrada


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Messina Palmeira

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