O BOLSA BEBÊ
POR RAMALHO LEITE
Na gestão do presidente Fernando
Henrique Cardoso foi iniciado o processo de distribuição de renda através da
concessão de bolsas. Inicialmente, na Paraíba, alguns municípios foram
escolhidos para um Plano Piloto e a renda mínima foi transformada em moeda de
troca de voto.Pelo menos um prefeito a
distribuiu, pessoalmente, em
dinheiro , nas escolas municipais. Surgiu depois o Bolsa Alimentação, o Bolsa
Escola, o Vale Gás, agora tudo somado sob a denominação de Bolsa Família.
Hoje a companheirada petista se orgulha de colocar
essa renda na casa de treze milhões de brasileiros, e os tucanos, tratam de
lembrar que nasceu deles a idéia e a sua implantação.A cada eleição
presidencial surge a ameaça: se o PT não ganhar, acaba o Bolsa Família. Essa
política do medo tem sido o bordão dos que vêm no beneficio a salvação da
lavoura eleitoral. E por falar em lavoura, nos períodos de seca surgiu o Bolsa
Estiagem. Pelo menos com um mínimo de feira em casa, desapareceram as levas de
flagelados que invadiam as feiras e saqueavam armazéns e até os depósitos de
merenda escolar. De fome, só morrem os animais, carentes de um Programa Bolsa
Ração.
O Bolsa Família virou política de
Estado e, na Paraíba, o governo estadual ainda paga um adicional a titulo de
Abono Natalino que alcançará em dezembro cerca de vinte milhões de reais a
serem distribuídos com os beneficiários do programa federal. A oposição no
Congresso tentou transformar em lei a permanência do Programa, que, em virtude
do nome, traz a marca da
transitoriedade. O projeto foi derrotado pela maioria governista que
prefere oferecer o adjutório como uma benesse governamental, “sempre ameaçada
pelos inimigos dos pobres” .
Na contramão da política da BEMFAM,
que visa o planejamento familiar e distribui anticonceptivos em grosso e à
varejo através do municípios conveniados, foi criada o Auxilio Maternidade para
o trabalhador rural. Basta que a mulher prove sua vinculação com a terra,
atestado por um sindicato rural, e tenha mais de 16 anos de idade, que o
beneficio lhe será pago a cada gravidez. E haja menino no meio do mundo.
Em visita a uma família na zona rural
deparei-me com numerosa prole. Admirado com a fertilidade do casal fui
informado pela mãe das vantagens da gravidez:
-Antigamente todo mundo queria “ ligar
as trompas”, hoje ninguém quer mais. Veja o meu curral, apontou a trabalhadora.
A cada bebê que nasce, João compra várias bezerras que já viraram vacas e ‘ tão’ dando leite.
Impressionado com o êxito familiar, apontei
para a barriga da mulher, já esperando por novo rebento:
- Eita, agora vem por aí novas
bezerrinhas, não?
- Que nada doutor! Do dinheiro desse
menino d´agora, João vai comprar uma moto!
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